ICPA_UMa_Logotipos-01

Autoria: Virgílio Baltasar

Coordenação: Prof. Doutor Carlos Manuel Lopes Pires (Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra); Prof. Doutor Mário Simões (Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa); Prof. Doutor Bruno Cecílio de Sousa (Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra).

Instituições de acolhimento: CIERL-UMa; Fundação BIAL.

Resumo:

A Psicologia Anomalística é um ramo da Psicologia que recorre à metodologia científica e aos conhecimentos da psicologia em geral, para compreender e explicar as experiências  anómalas/excecionais, usalmente designadas de “sobrenaturais” ou “paranormais” (French & Stone, 2013). Definimos uma experiência anómala como uma experiência incomum ou que, embora seja vivenciada por uma quantidade considerável da população, acredita-se que se desvie da experiência habitual e pareça  difícil de ser compreendida à luz das explicações que são comumente aceites e convencionadas pela comunidade científica, acerca do funcionamento do mundo/realidade e do ser humano. As experiências anómalas não dizem respeito à anormalidade da natureza humana propriamente dita, mas a um estado de desconhecimento, pelo menos temporário, por parte da ciência, acerca de um conjunto de experiências que desafiam o conhecimento científico atual (Cardeña, Lynn, & Krippner, 2014).

Segundo o modelo de Fach, Atmanspacher, Landolt, Wyss, e Rössler (2013), as experiências anómalas podem ser classificadas do seguinte modo: 1) Fenómenos Ambientais Excecionais (ex.: aparições, movimentos inexplicáveis dos objetos,sensação de presença de entidades invisíveis, etc.); 2) Fenómenos Internos Excecionais (ex.:ter visões; ouvir sons estranhos; experimentar sensações incomuns, etc.); 3) Fenómenos de Conhecimento Excecionais (ex.: ter conhecimento de situações de forma inexplicável; telepatia; (re)vivenciar situações novas como se fossem familiares, etc.); 4) Fenómenos Físicos Excecionais (ex.: sentir que saiu ou abandonou o seu corpo; ter contato com entidades inteligentes não humanas; apresentar marcas ou feridas no corpo sem uma explicação lógica, etc.).

. A psicologia anomalística pretende constituir-se, a longo prazo, numa disciplina complementar ao campo da Psicopatologia e da Psicologia do Desenvolvimento ,ajudando a esclarecer em que medida uma experiência é ou não patológica, bem como o seu significado na história de vida do indivíduo. Deste modo, a investigação das experiências anómalas tem implicações diretas no campo da Psicologia Clínica e da Psiquiatria, contribuindo para o desenvolvimento de novas práticas avaliativas e interventivas. O foco desta nova área está na vivência subjetiva das experiências relatadas, e não tanto no teste da validade consensual acerca da acorrência eftiva ou real dessas mesmas experiências (French & Stone, 2013; Cardeña et al., 2014). Não obstante, aceita a ocorrência ou a existência efetiva das experiências anómalas, sempre que a investigação científica assim a demonstrar, e procura integrar esses dados com o significado psicológico inerente às experiências anómalas vividas pelas pessoas (French & Stone, 2013).

Projetos em curso

O projeto “Exceptional human experiences: family background and early maladaptive schemas“ pretende:

  • adaptar o Questionnaire for the Assessment of the Phenomenology of Exceptional Experiences (PAGE-R) (Fach et al., 2013) para a população portuguesa;
  • explorar a prevalência das experiências anómalas numa amostra ampla e normativa, e aprofundar uma hipótese etiológica de natureza desenvolvimental e clínica; esta hipótese postula que as experiências anómalas se situam num espectro contínuo entre a normalidade e psicopatologia, e que essas mesmas experiências e a perturbação mental compartilham um conjunto de fatores pré-mórbidos  (Kerns, kearcher, Raghavan, & Berenbaum, 2014; Van Os, Linscott, Myin-Germeys, Delespaul, & Krabbendam, 2009).

Duração do projeto: 2015- 2020

Contacto: virgilio.baltazar@gmail.com

 

“Se não sabe, não imite, pergunte pouco e não acredite muito; observe, pense e investigue.” (AP, 2015).

Referências Bibliográficas:

Associação Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica (AP). (2015). Missão da AP. Retirado de http://apppp.pt/a-associacao/missao/

 

Cardeña, E., Lynn, S.J., & Krippner, S. (2014). Introduction: Anomalous Experiences in Perspective. In E. Cardeña, S.J. Lynn, & S. Krippner (Eds.), Varieties of Anomalous Experience: Examining the Scientific Evidence (2 ed., pp. 3-20). Washington, DC: American Psychological Association.

Fach, W., Atmanspacher, H., Landolt, K., Wyss, T., & Rössler, W. (2013). A comparative study of exceptional experiences of clients seeking advice and of subjects in an ordinary population. Frontiers in psychology, 65(4), 1-10.

French, C. C., & Stone, A. (2013). Anomalistic psychology: Exploring paranormal belief and experience. Palgrave Macmillan.

Kerns, J.G., kearcher, N., Raghavan, C., & Berenbaum, H. (2014). Anomalous experiences, peculiarity, and Psychopathology. In In E. Cardeña, S.J. Lynn, & S. Krippner (Eds.), Varieties of Anomalous Experience: Examining the Scientific Evidence (2 ed., pp. 57-76). Washington, DC: American Psychological Association.

Van Os, J., Linscott, R. J., Myin-Germeys, I., Delespaul, P., & Krabbendam, L. (2009). A systematic review and meta-analysis of the psychosis continuum: evidence for a psychosis proneness–persistence–impairment model of psychotic disorder. Psychological medicine, 39(02), 179-195.

O trabalho desenvolvido pelo ICPA poderá ser acompanhado no seguinte sítio da internet: https://www.facebook.com/observatorioehe